quinta-feira, 28 de agosto de 2008

ANO DE 1943 - AQUISIÇÃO DO PASSAL

Desde há muito que era uma ambição dos servidores da Igreja de São Paulo da Ribeira Quente, terem os párocos casa própria para seu alojamento a fim de não terem de recorrer a particulares, como sempre o fizeram desde que esta localidade passou a ter padre.
Já antes o Padre José Luiz Borges Vieira havia tentando erguer um passal; no entanto não foi possível, por razões óbvias.
Porque o Padre Mansinho, quando se propunha fazer algo de necessidade não se detinha; porque era insistente, embora não possuísse fundos necessários para tal empreendimento; porque a Igreja só havia atingido a importância de 6.923$43 da qual foram subtraídas as percentagens de 769$67 para o fundo diocesano e 360$50 para os indultos Pios, restou apenas para seu fundo de maneio o total de 5.793$67 que não podiam ser tocados, o Padre Mansinho deu a conhecimento ao povo da sua intenção, tendo este resolvido contribuir além dos 3% do valor do pescado que já entregava à Igreja, que era uma importância de manutenção, contribuir com os seus braços para a consecução desse empreendimento.
É do Livro de Assentos da paróquia que foi tirada esta rica passagem:
"Em 10 de Janeiro começou a desterrar-se o lugar do Passal, apareceram 150 mulheres, muitos rapazes, o que tem continuado em vários domingos".
Esta muito evidente nota de amor do povo da Ribeira Quente mostra que a par da pobreza, existia também no mesmo uma profunda riqueza na alma.
A madeira para o Passal, por rogo desse incansável sacerdote, foi oferecida pelos latifundiários das grandes propriedades que cercavam a parte montanhosa do povoado, onde abundavam a acácia, o pinho, o carvalho e o castanho. A criptoméria vinha das matas da zona da "Seladinha".
Depois de ser serrada, toda a madeira foi transportada às costas e à cabeça dos homens, crianças e mulheres da Ribeira Quente, mas tudo isto feito aos domingos.
Mas esta obra não chegou a ser levada a cabo visto que, embora o pároco já tivesse angariado dez mil escudos para a mão-de-obra necessária, o projecto gratuito e os materiais, apareceu a oportuna venda da casa do Dr. João Correia da Silva, que era de veraneio, mas muito apropriada para Passal. Por essa razão esta casa foi adquirida pela Igreja e povo, pela importância de 25.000$00.
Por consentimento diocesano foi autorizada a venda da madeira já adquirida ao então Director Escolar do distrito, professor Moniz Morgado.
Com os dinheiros excedentários foram feitas alterações neste edifício, de modo a este poder servir futuramente como passal.

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