Blog sobre a História da Freguesia da Ribeira Quente, Concelho da Povoação, Ilha de São Miguel - Açores.
sexta-feira, 29 de agosto de 2008
PÁROCOS DA RIBEIRA QUENTE E SUA ACÇÃO SOCIAL E PASTORAL
Párocos que por aqui passaram:
- Padre António Jacinto de Melo – Natural de Povoação. Paroquiou nesta
freguesia de 1869 a 1876 e depois de 1888 a 1900.- Faleceu nesta freguesia em 20/03/1900.
- Padre Jacinto Moniz Borges – Natural de Vila Franca do Campo.
- Paroquiou durante 16 anos.- Faleceu em Vila Franca do Campo a 16 de Abril de 1916.
- Padre Ângelo de Amaral – Natural de Povoação (Lomba do Alcaide).
- Paroquiou de 29 de Junho de 1916 a 1925.- Construiu a nova Igreja.
- Padre José Luís Borges – Natural de Água de Pau.
- Paroquiou durante o ano de 1930.- Construiu balaustrada à volta da Igreja e paredes para o passal que não chegaram ao fim.
- Padre João de Medeiros – Natural de Povoação.
- Paroquiou de Janeiro de 1931 até Dezembro de 1937.- Obras que efectuou: - Alargamento da sacristia nascente, bancada, cadeirado na capela-mor, guarnecimento de paredes interiores, altar de S. José e de N. Sra. De Fátima.
- Padre Cristovam de Melo Garcia - Natural de Matriz da Ribeira Grande.
- Paroquiou de 1938 até fim de 1939.- Inaugurou a energia eléctrica na Igreja.
- Padre José Jacinto da Costa – Natural de Vila Franca do Campo.
- Paroquiou desde 1-12-1940 até 14 de Setembro de 1955. Foram 15 anos.- Obras que efectuou: Aquisição do passal em 1946, baptistério em 1948 e esticadores de segurança da Igreja. Substituição do forro e telha da Igreja. Adquiriu imagem do Menino Jesus e Santa Filomena. Consertou sinos e adicionou outro encontrado no mar. Actualizou livro do tombo.
- Padre Antero Jacinto de Melo – Natural de Ribeira Quente.- Paroquiou desde 14-09-1955 até 30-07-1959.- Obra efectuada: Quadro em azulejos no baptistério.
- Pastoralmente: Liga Eucarística dos Homens.
- Padre Silvino Amaral – Natural de Povoação.
Paroquiou desde 01-08-1959 até ao presente.
- Obras efectuadas: - 1962 Reparos no passal e cimentado o adro.- 1963 Remodelação da rede eléctrica para 220V.- 1965 Iniciação da pintura e douramento da capela-mor, altares de S. José e do Sagrado Coração de Jesus.- 1967 Aquisição dos 3 lustres da Igreja e seus apliques.- 1968 Construção do salão do lado poente da Igreja, inaugurado campo de pequenos desportos situado por detrás da Igreja e oferta e cedência do terreno ao Mato Barreto para campismo dos Escuteiros.- 1971 Compra do prédio para construção do Centro Social.- 1972 Construção do balcão do Salão para exibição de cinema, com máquina adquirida para o efeito.- 1973 Adquiridas 3 casas destinadas a Sede dos Escuteiros.- 1975 Cobertura geral da Igreja com telha de fibrocimento.- 1978 Construção de Jardim Infantil.- 1994 Inicio de obras de construção do Centro Social.- 1998 Construção de 3 salas de catequese.- 1999 Substituição de todos os sinos e sua automatização electrónica.- 2004 Venda do antigo passal e compra de novo passal- 2005 Restauro de várias imagens e compra de resplendores em prata.- 2006 Restauro do estuque da Igreja, substituído por entabulamento. Pinturas gerais na Igreja no interior e exterior e confecção de rampa de acesso a deficientes.
-Pastoralmente: 1960 Iniciaram-se os Cursos de Preparação para Matrimónio, Baptismo, a Juventude Agrária Católica masculina e feminina.
- 1961 Constituída a Irmandade do Divino Espírito Santo.- 1966 Iniciado o Escutismo com Lobitismo e constituída a Comissão Caritas.- 1969 Exibido teatro paroquial que se foi exibindo ao longo de 3 anos.- 1971Saida do primeiro Rancho de Romeiros da Freguesia. Este perdurou 4 anos consecutivos.- 1977 Constituídos os Conselhos Administrativos Paroquiais e Conselho Paroquial Pastoral.- 2001 Reactivado Rancho de Romeiros que continua.
ANO DE 1959 / PADRE SILVINO AMARAL
Depois de apenas 4 anos como pároco da sua terra natal, a freguesia de São Paulo da Ribeira Quente, o Reverendo Padre Anter Jacinto de Melo é nomeado pela Diocese dos Açores, como Assistente dos Emigrantes Católicos Portugueses no Canadá (açorianos, logicamente).
Para o substituir, foi nomeado pároco da Ribeira Quente, o Reverendo Padre Silvino Amaral, nascido no Lugar do Morro, da Vila da Povoação.
Ordenado presbítero em Angra, a 15 de Junho de 1958, o Padre Silvino celebrou a sua Missa Nova na Igreja Matriz da Vila da Povoação, seu lugar de nascimento, a 29 do mesmo mês e ano.
Frequentou, o Padre Silvino, o Post-Seminário durante o ano lectivo de 1958/59 e, em Julho de 1959, recebeu, de D. Manuel Afonso de Carvalho, a nomeação para paroquiar São Paulo da Ribeira Quente.
Tomou, este então novel sacerdote, posse da paróquia para que fora nomeado, a 1 de Agosto de 1959.
Foi o Padre Antero quem o apresentou ao seu povo.
Durante cerca de 6 meses, o padre substituído ainda permaneceu na Ribeira Quente, na situação de férias, até que depois partiu para a Cidade de Nelson, Canadá.
A herança deixada pelo Padre Antero, ao Padre Silvino, foi composta por um povoado altamente sobrepovoado para a sua pequena dimensão urbana situada entre o mar e a rocha com uma população que continuava a ser pobre e sempre circunscrita aos baixos rendimentos arrancdo ao mar, porque não tinha outra alternativa; um povo que aceitava, como sempre, a sua situação, como algo marcadamente imposto pelo destino.
A pesca continuava a ser, embora já melhorada, apenas um meio de sobrevivência e, os homens do campo, também continuavam a depender de jornas pobres e incertas.
Foi assim, nesta situação de velada pobreza, que este então novo pároco aceitou aquilo que a sua vocação lhe incumbiu. Foi a aceitação de um povo materialmente pobre mas altamente rico em simplicidade, de profunda fé em Deus e seu Senhor São Paulo; um povo que, ao longo da sua história encoberta, sempre deu provas de ser possuidor de uma denodada vontade de trabalhar.
É o próprio Padre Silvino, quem assim descreve este povo no livro "RIBEIRA QUENTE O PASSADO E FUTURO":
"Logo que cheguei à Ribeira Quente - dia 1 de Agosto 1959 - deparei com uma freguesia que oferecia um cenário de abandono, bem expresso nas suas casas de construção pobre, quase todas terreiras, sem quartos de banho, sem saneamento básico geralmente sem água para as zonas mais altas".
ANO DE 1956 / CENTENÁRIO DA MATRIZ DA VILA DA POVOAÇÃO
Celebrando neste ano a Igreja Matriz da Vila da Povoação os seus cem anos de existência (nova matriz), à qual todas as igrejas do concelho pertenciam, foram feitos longos e monumentais preparativos para tão grande acontecimento, tanto mais que, também nessa altura, ia ser feita a transferência da vida religiosa da velha matriz do largo da Praça Velha, para esta renovada igreja, depois de ter a mesma passado por demoradas transformações.
Cabia então aos párocos de cada uma das freguesias do concelho, criar algo que viesse engrandecer este acontecimento centenário.
Esta foi, realmente, a primeira grande experiência porque passou o Padre Antero, porque lhe coube criar o contributo do povo da sua paróquia como padre e como filho.
De um trabalho histórico então publicado, lemos esta passagem muito elucidativa:
"O POVO INTEIRO VEM À PARIA DESPEDIR O SEU S. PAULO!"
"Ao largo, uma 'esquadra' lindamente engalanada e embadeirada composta de 27 barcos, aguarda o embarque do seu padroeiro".
Para depois, no seguimento do acontecimento narrado em livro publicado:
"Agora, os barcos, ancorados no porto, aguardam a saída de S. Paulo, que embarca com o seu pároco. Todo o povo da Ribeira Quente está na praia".
Embora este acontecimento acerca do povo da Ribeira Quente seja extenso no livro então publicado, só se descrevem sucintamente estas passagens por as mesmas serem imprescindíveis e este trabalho.
Numa outra passagem:
"Furiosas girândolas de foguetes estrugem nos ares, ao tocar em terra a quilha do barco que conduz o Apóstolo".
Depois, no descrever do acontecimento, mais esta passagem:
"Vem no seu andor, feliz concepção do seminarista João Vieira Jerónimo, um minúsculo barco a que não faltam todos os apetrechos da pesca".
Se nos debruçarmos sobre estes dados ligeiramente apanhados do livro "A IGREJA MATRIZ DA POVOAÇÃO E O SEU PRIMEIRO CENTENÁRIO", publicado no ano de 1956, facilmente notamos que o porto de pesca da Ribeira Quente (só calhau e areia), possuía o maior número de barcos de pesca de boca aberta nos Açores (isto por povoadao); por essa razão a freguesia da Ribeira Quente só era conheciada por terra de pescadores.
Povo diferente, muito religioso e sentimental, embora nesse ano ainda bastante inculto. Como freguesia possuía a maior densidade populacional dos Açores, por quilómetro quadrado, devido à sua muito limitada área administrativa de apenas 9.88 Km 2.
ANO DE 1955 / PADRE ANTERO JACINTO MELO
Depois de uma demorada mas benéfica permanência, e de um profícuo trabalho na defesa do povo da Ribeira Quente, paralelamente com a sua obrigação de pastor da Igreja de São Paulo, da Freguesia da Ribeira Quente, por obediência (as transferências não eram facultativas), ao então Chefe da Igreja nos Açores, D. Manuel Afonso de Carvalho, é colocado o Padre José Jacinto da Costa na freguesia das Feteiras do Sul desta ilha de São Miguel.
Este 36.º Bispo dos Açores, numa altura de transferências sacerdotais, colocou este grande servidor da sua diocese nesta paróquia quase com população idêntica à da Ribeira Quente. Foram 15 anos de insistentes canseiras em prol de um povo secularmente esquecido e abandonado.
Ficou o povo da freguesia a dever-lhe o ter passado o seu lugar a freguesia; a findar de uma injustiça que se estava a praticar contra os pescadores da Ribeira Quente (a do barracão); 3 novas salas de aulas; o posto de Registo Civil e um muito disciplinado arquivo paroquial.
O Padre "Minsinho" (na então linguagem do povo simples do lugar), não só era insistente quando procurava desfazer injustiças, mas também penetrante e oportuno de modo a desmantelar certas situações negativas.
Ele, Padre José, também sentia no seu coração o sentir profundo dos homens do mar.
Filho de um também José Jacinto da Costa que foi afoito armador de cabotagem em Vila Franca do Campo, proprietário do "São Pedro Gonçalves" mais conhecido por o "Barco do Mansinho", não desconhecia o pastor da Ribeira Quente, que aquele povo bom e simples precisava de permanente ajuda social-burocrática, porque a maioria das vezes não era acarinhado por quem dele tirava proveito sem se arriscar no mar.
Também devemos ser realistas e devemos reconhecer, se não tivesse existido o meticuloso Padre Mansinho, não teriam existido preciosos dados acerca do passado da Ribeira Quente, mormente a partir de 1900.
Por ordem desse sistema rotineiro de transferências de sacerdotes, deu-se pela primeira vez um acontecimento antes nunca ocorrido:
Para substituir o atrás mencionado padre, é colocado na paróquia de São Paulo da Ribeira Quente um sacerdote filho nativo desta localidade, o Padre Antero Jacinto de Melo (primeiro histórico).
O povo ressentiu-se com a transferência do seu amigo Padre Mansinho mas rejubilou de alegria quando soube que era o seu conterrâneo, o Padre Antero, quem dali avante passaria, dentro do espaço e do conhecimento zelar não só pelos seus interesses religiosos como sociais - porque foram sempre os sacerdotes colocados na Ribeira Quente, quem o representava em quase todas as circunstâncias delicadas.
Tendo tomado posse desta sua nova paróquia na sua velha terra, a 14 de Setembro deste ano de 1955, coube-lhe então, como homem da Igreja e filho da terra, ser o organizador dos festejos desse ano em honra do seu Senhor São Paulo.
Como se vai ver, não foi demorada a permanência do Padre Antero na sua terra natal.
Este 36.º Bispo dos Açores, numa altura de transferências sacerdotais, colocou este grande servidor da sua diocese nesta paróquia quase com população idêntica à da Ribeira Quente. Foram 15 anos de insistentes canseiras em prol de um povo secularmente esquecido e abandonado.
Ficou o povo da freguesia a dever-lhe o ter passado o seu lugar a freguesia; a findar de uma injustiça que se estava a praticar contra os pescadores da Ribeira Quente (a do barracão); 3 novas salas de aulas; o posto de Registo Civil e um muito disciplinado arquivo paroquial.
O Padre "Minsinho" (na então linguagem do povo simples do lugar), não só era insistente quando procurava desfazer injustiças, mas também penetrante e oportuno de modo a desmantelar certas situações negativas.
Ele, Padre José, também sentia no seu coração o sentir profundo dos homens do mar.
Filho de um também José Jacinto da Costa que foi afoito armador de cabotagem em Vila Franca do Campo, proprietário do "São Pedro Gonçalves" mais conhecido por o "Barco do Mansinho", não desconhecia o pastor da Ribeira Quente, que aquele povo bom e simples precisava de permanente ajuda social-burocrática, porque a maioria das vezes não era acarinhado por quem dele tirava proveito sem se arriscar no mar.
Também devemos ser realistas e devemos reconhecer, se não tivesse existido o meticuloso Padre Mansinho, não teriam existido preciosos dados acerca do passado da Ribeira Quente, mormente a partir de 1900.
Por ordem desse sistema rotineiro de transferências de sacerdotes, deu-se pela primeira vez um acontecimento antes nunca ocorrido:
Para substituir o atrás mencionado padre, é colocado na paróquia de São Paulo da Ribeira Quente um sacerdote filho nativo desta localidade, o Padre Antero Jacinto de Melo (primeiro histórico).
O povo ressentiu-se com a transferência do seu amigo Padre Mansinho mas rejubilou de alegria quando soube que era o seu conterrâneo, o Padre Antero, quem dali avante passaria, dentro do espaço e do conhecimento zelar não só pelos seus interesses religiosos como sociais - porque foram sempre os sacerdotes colocados na Ribeira Quente, quem o representava em quase todas as circunstâncias delicadas.
Tendo tomado posse desta sua nova paróquia na sua velha terra, a 14 de Setembro deste ano de 1955, coube-lhe então, como homem da Igreja e filho da terra, ser o organizador dos festejos desse ano em honra do seu Senhor São Paulo.
Como se vai ver, não foi demorada a permanência do Padre Antero na sua terra natal.
ANO DE 1953
Porque a situação, após o sismo, se tornou muito grave em matéria de habitações, visto que algumas das casas demolidas não eram recuperáveis, não só pela sua péssima construção notoriamente improvisada, como também por as mesmas se situarem em estreitas veredas inclinadas, a Junta de Freguesia da Ribeira Quente insistiu com as autoridades para que fossem construídas algumas novas casas.
De um modo pouco urbano, foram projectadas vinte habitações para a zona nascente da foz da ribeira. Só seis foram erectas devido a uma comparticipação da Junta Central da Casa dos Pescadores.
Cada um dos moradores a quem foram atribuídas as casas, tiveram de entrar com uma parte do valor da obra, pagando quatro destes cinco mil escudos e, os outros dois, quatro mil escudos.
Por sua vez também a Câmara Municipal da Povoação mandou fazer mais dez casas mais a norte destas primeiras, mas na mesma margem da ribeira.
É o meticuloso Padre Mansinho que nos transmite esse acontecimento:
"Esta empreitada foi adjudicada aos Senhores José Duarte (José da Chica), Júlio Pacheco Simões e Ângelo Dâmaso Vasconcelos da Vila da Povoação no valor de cento e setenta e cimco mil escudos (175.000$00), sendo estas dez casas comparticipadas pelas seguintes repartições de Estado...?"
As retcências ou omissão, mostram-nos que este ilustre servidor da Igreja e do povo da Ribeira Quente, não completou aquilo que tinha para dizer, mas deixou-nos perceber que havia algo que não estava bem: a falta de conexão entre as entidades responsáveis.
Nenhum dos empreiteiros tinha qualquer conhecimento de construção ou urbanização e, só um destes possuía limitados recursos financeiros.
Eram assim, ao tempo, as adjudicações de empreitadas.
Já eram decorridos cerca de sete anos desde que o paredão de protecção da zona litoral entre o porto e o prédio das Vieiras, havia sido parcialmente demolido. É que, não só tinha sido duramente atingido no ano de 1946, mas, também: pela tempestade de 27 de Fevereiro de 1952.
Embora documentalmente se fale em reconstrução na verdade o que foi feito foi uma nova construção mais entrada no lado do mar, porque o primeiro levantado no ano de 1927, desde a zona do porto ao prédio das vieiras, era pobre e sem parapeito.
Esta obra foi feita pelo mesmo empreiteiro das Capelas que construiu o paredão da margem da ribeira depois de feitas as primeiras casas. A partir do porto para poente, a sua extensão ficou com 193 metros.
Continuando neste ano de 1953 a mesma monótona vida de labor em terra e no mar, o povo deste localidade quase não sentia alteração alguma no seu dia-a-dia de sempre. A abertura dos túneis não lhe trouxe as regalias sonhadas. Continuaram a não ter transportes públicos; não havia população flutuante. Apenas em alturas de melhor sorte, maior abundância de pescado (geralmente o sazão chicharro) dava origem a que houvesse um pouco de euforia por parte dos próprios pescadores e os vendilhões locais.
Os habitués vendilhões com seirão e burro, vindos da banda do norte da ilha, também ajudavam a quebrar a monotonia de sempre.
De um modo pouco urbano, foram projectadas vinte habitações para a zona nascente da foz da ribeira. Só seis foram erectas devido a uma comparticipação da Junta Central da Casa dos Pescadores.
Cada um dos moradores a quem foram atribuídas as casas, tiveram de entrar com uma parte do valor da obra, pagando quatro destes cinco mil escudos e, os outros dois, quatro mil escudos.
Por sua vez também a Câmara Municipal da Povoação mandou fazer mais dez casas mais a norte destas primeiras, mas na mesma margem da ribeira.
É o meticuloso Padre Mansinho que nos transmite esse acontecimento:
"Esta empreitada foi adjudicada aos Senhores José Duarte (José da Chica), Júlio Pacheco Simões e Ângelo Dâmaso Vasconcelos da Vila da Povoação no valor de cento e setenta e cimco mil escudos (175.000$00), sendo estas dez casas comparticipadas pelas seguintes repartições de Estado...?"
As retcências ou omissão, mostram-nos que este ilustre servidor da Igreja e do povo da Ribeira Quente, não completou aquilo que tinha para dizer, mas deixou-nos perceber que havia algo que não estava bem: a falta de conexão entre as entidades responsáveis.
Nenhum dos empreiteiros tinha qualquer conhecimento de construção ou urbanização e, só um destes possuía limitados recursos financeiros.
Eram assim, ao tempo, as adjudicações de empreitadas.
Já eram decorridos cerca de sete anos desde que o paredão de protecção da zona litoral entre o porto e o prédio das Vieiras, havia sido parcialmente demolido. É que, não só tinha sido duramente atingido no ano de 1946, mas, também: pela tempestade de 27 de Fevereiro de 1952.
Embora documentalmente se fale em reconstrução na verdade o que foi feito foi uma nova construção mais entrada no lado do mar, porque o primeiro levantado no ano de 1927, desde a zona do porto ao prédio das vieiras, era pobre e sem parapeito.
Esta obra foi feita pelo mesmo empreiteiro das Capelas que construiu o paredão da margem da ribeira depois de feitas as primeiras casas. A partir do porto para poente, a sua extensão ficou com 193 metros.
Continuando neste ano de 1953 a mesma monótona vida de labor em terra e no mar, o povo deste localidade quase não sentia alteração alguma no seu dia-a-dia de sempre. A abertura dos túneis não lhe trouxe as regalias sonhadas. Continuaram a não ter transportes públicos; não havia população flutuante. Apenas em alturas de melhor sorte, maior abundância de pescado (geralmente o sazão chicharro) dava origem a que houvesse um pouco de euforia por parte dos próprios pescadores e os vendilhões locais.
Os habitués vendilhões com seirão e burro, vindos da banda do norte da ilha, também ajudavam a quebrar a monotonia de sempre.
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