Depois de uma demorada mas benéfica permanência, e de um profícuo trabalho na defesa do povo da Ribeira Quente, paralelamente com a sua obrigação de pastor da Igreja de São Paulo, da Freguesia da Ribeira Quente, por obediência (as transferências não eram facultativas), ao então Chefe da Igreja nos Açores, D. Manuel Afonso de Carvalho, é colocado o Padre José Jacinto da Costa na freguesia das Feteiras do Sul desta ilha de São Miguel.
Este 36.º Bispo dos Açores, numa altura de transferências sacerdotais, colocou este grande servidor da sua diocese nesta paróquia quase com população idêntica à da Ribeira Quente. Foram 15 anos de insistentes canseiras em prol de um povo secularmente esquecido e abandonado.
Ficou o povo da freguesia a dever-lhe o ter passado o seu lugar a freguesia; a findar de uma injustiça que se estava a praticar contra os pescadores da Ribeira Quente (a do barracão); 3 novas salas de aulas; o posto de Registo Civil e um muito disciplinado arquivo paroquial.
O Padre "Minsinho" (na então linguagem do povo simples do lugar), não só era insistente quando procurava desfazer injustiças, mas também penetrante e oportuno de modo a desmantelar certas situações negativas.
Ele, Padre José, também sentia no seu coração o sentir profundo dos homens do mar.
Filho de um também José Jacinto da Costa que foi afoito armador de cabotagem em Vila Franca do Campo, proprietário do "São Pedro Gonçalves" mais conhecido por o "Barco do Mansinho", não desconhecia o pastor da Ribeira Quente, que aquele povo bom e simples precisava de permanente ajuda social-burocrática, porque a maioria das vezes não era acarinhado por quem dele tirava proveito sem se arriscar no mar.
Também devemos ser realistas e devemos reconhecer, se não tivesse existido o meticuloso Padre Mansinho, não teriam existido preciosos dados acerca do passado da Ribeira Quente, mormente a partir de 1900.
Por ordem desse sistema rotineiro de transferências de sacerdotes, deu-se pela primeira vez um acontecimento antes nunca ocorrido:
Para substituir o atrás mencionado padre, é colocado na paróquia de São Paulo da Ribeira Quente um sacerdote filho nativo desta localidade, o Padre Antero Jacinto de Melo (primeiro histórico).
O povo ressentiu-se com a transferência do seu amigo Padre Mansinho mas rejubilou de alegria quando soube que era o seu conterrâneo, o Padre Antero, quem dali avante passaria, dentro do espaço e do conhecimento zelar não só pelos seus interesses religiosos como sociais - porque foram sempre os sacerdotes colocados na Ribeira Quente, quem o representava em quase todas as circunstâncias delicadas.
Tendo tomado posse desta sua nova paróquia na sua velha terra, a 14 de Setembro deste ano de 1955, coube-lhe então, como homem da Igreja e filho da terra, ser o organizador dos festejos desse ano em honra do seu Senhor São Paulo.
Como se vai ver, não foi demorada a permanência do Padre Antero na sua terra natal.
Sem comentários:
Enviar um comentário