Blog sobre a História da Freguesia da Ribeira Quente, Concelho da Povoação, Ilha de São Miguel - Açores.
segunda-feira, 1 de setembro de 2008
ESTATÍSTICA DO ANO DE 1960
Decorrido o primeiro ano de trabalho como pastor de Igreja de São Paulo da Ribeira Quente, o Padre Silvino, dando continuidade ao trabalho manuscrito dos seus antecessores, diz:
"Fogos: 441. Católicos 2.236. Masculinos 1.121; Femininos: 1.115"
Nesse mesmo ano, menos seguro, o Instituto Nacional de Estatística dá à Ribeira Quente, 2.211 habitantes.
(Como nota a identificar a sua religiosidade, como sempre, neste ano o número de católicos era idêntico ao total de toda a população local. O seu comportamento familiar processou-se da mesma forma tradicional, dentro dos padrões morais da legalidade social e da Igreja).
A colocação do Padre Silvino na freguesia da Ribeira Quente, foi mais uma escolha positiva, mais uma sequência no desenrolar dos acontecimentos históricos da localidade e do seu povo.
Não trazendo já moldado qualquer esquema pastoral copiado de outra anterior paróquia, porque esta ia ser a sua primeira experiência como pastor, o Padre Silvino moldou a sua própria iniciativa de forma a abranger as suas obrigações religiosas e as sócio-culturais do povo ao seu cuidado, mas de forma adequada à sua formação e comportamento.
Metendo-se mais dentro do povo, fazendo-se povo, foi enriquecendo uma pobreza de paupérrimos conhecimentos, ao mesmo tempo que ia conhecendo o rigor de uma pobreza material que desconhecia.
Dois mil duzentos e seis habitantes metidos dentro de 441 fogos pequenos e rudimentares, era uma visão pouco humana, porque viviam comumente, em pequenos casebres de apenas uma só dívisão que, por vezes, não atingia 12 metros quadrados, duas e mais famílias!
Com uma população ainda em crescimento e sem alternativas para suavizar o seu sofrimento e a sua precária situação sócio-familiar, coube ao Padre Silvino a honrosa missão de a ajudar. O analfabetismo ainda era altamente percentual.
Compreender os pais, e encaminhar os filhos para um possível campo cultural, foi uma das grandes necessidades primárias que este então ainda bastante novo servidar da Igreja teve de seguir.
Incorporou os jovens da Ribeira Quente no Corpo Nacional de Escutas, a fim de lhes abrir um caminho nunca trilhado pelos pais. Esta foi uma medida indispensável, porque só assim, através da escola e contactos com outra juventude, que estes desconheciam, a mocidade desta localidade pôde saber que, além dos altos picos e falésias que a cercavam, existiam conhecimentos que lhe eram indispensáveis.
Como já foi dito no começo deste trabalho, o povo da Ribeira Quente tinha uma linguagem própria, um dialecto bastante alboroto, que bem podia ser rico se devidamente estudado. Porque, só assim, podia ser compreensível a sua origem.
As vogais, como exemplo a 'a', era pronunciada num tom fechado e aparentemente grosseiro; o adjectivo rapaz, no chamamento 'ei rapaz', sai 'ó rapó. Só a palavra água era pronunciada tão claramente como a própria água: 'á. g. u. a'!
O escotismo foi uma tremenda alavanca que ajudou a levantar o pesado fardo que a juventude desta localidade então já carregava, o fardo do isolamento e do condicionalismo.
O Movimento de a "Acção Católica Rural", colocou o povo da Ribeira Quente dentro de outros parâmetros que lhe eram desconhecidos.
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