segunda-feira, 1 de setembro de 2008

ANO DE 1965

De certo modo melhorado, devido ao percurso do tempo, o sistema de pesca artesanal dos marítimos da Ribeira Quente, quer pela evolução natural, quer por haver uma maior tendência pela pesca de fundo que, quando boa, era sempre mais rentável do que a pesca pela superfície, e, porque também já haviam outros conhecimentos de pesca menos ancestrais e melhores apetrechos, logicamente, já neste ano de 1965 estes pescadores visionavam novas esperanças e possíveis novos rendimentos. Além disso, havia crescido o número de pescadores filhos da Ribeira Quente, que faziam parte da tripulação de embarcações já quase só exclusivamente dedicados à pesca industrial - a Sociedade Corretora, desde o ano de 1947 até este ano de 65, já havia tido ao seu serviço próprio 16 unidades de pesca - por essa razão houve um leve melhoramento, porque mensal, na vida comunitária desta freguesia.
De certo modo, mais aparente do que real, porque real era mesmo a realidade dos acontecimentos que se não detectavam de um modo palpável, como por exemplo, o descuidado crescimento da população dentro do mesmo espaço onde já faltavam os alojamentos e o espaço fisico para a criação de mais habitações; por essa razão os melhoramentos nem sempre eram aquilo que aparentavam.
Nesse ano de 1965, a freguesia de São Paulo, dolorosamente fechada entre falésias e montanhas, atingiu o seu mais alto ponto histórico de habitante por metro quadrado, numa altura em que ainda não estava sanado o grande mal da sua diminuição terrestre: a segurança do seu espaço habitacional.
Do Livro de Assentos Paroquiais e, relativos a este ano de 65, foram extraídos estes dados:

"NOTAS ESTATÍSTICAS: Baptizados 75; Casamentos 14; Óbitos 18. Total de paroquianos 2.421 fogos".

O crescimento, na metade do lustre começado em 60, foi da ordem de 185 novos habitantes, mas o crescimento de fogos não foi proporcional nem significativo, visto só terem sido atingidas 28 novas unidades nos cinco anos.
Do referido livro de assentos ainda se lê:

"Neste ano começou a realizar-se uma grande aspiração do povo desta freguesia, que mais não faz por não poder financeiramente. O brio deste povo e o seu amor à Igreja, tem-no levado a grandes sacrifícios para a conservação do novo templo e para o enriquecimento do mesmo".

A qualidade do povo da Ribeira Quente era assim inédita: sendo pobre como aparentava (como sempre foi), por vezes ressurgia devido ao seu gosto pela contemplação daquilo que criava. E a sua Igreja de São Paulo era, na realidade, a sua maior e única obra histórica.
Humanamente existiam grandes necessidades materiais para além do seu apego à sua terra e à sua Igreja, as quais se não podiam sanar sem um puxão que se não vislumbrava nem mesmo abstractamente.
Mas isto veio a acontecer devido a um espectacular acontecimento então já ocorrido devido ao grande mistério da Natureza.

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