14 de Setembro de 1955

Padre Antero Jacinto de Melo

Dos Registos Paroquiais, poderemos extrair o seguinte:

"Aos catorze dias do mês de Setembro do ano de mil novecentos e cincoenta e cinco tomei posse desta paroquial de São Paulo da Ribeira Quente, lugar da minha naturalidade. Nesta paroquial que me foi confiada, fui eu batisado, nela pela primeira vez subi ao altar do Todo-Poderoso, e nela agora vou continuar como pároco próprio, a acção desenvolvida pelos meus antecedores, que desde o grande Pe. Angelo d’Amaral até ao Pe. José Jacinto da Costa, foram incansáveis no seu engrandecimento espiritual, e até material.
Sei portanto que é árdua a tarefa que me espera, mas confio na protecção do Senhor e na ajuda do meu muito querido padroeiro São Paulo. É difícil, ser-se alguém, quando após alguém que o soube ser, e de que maneira tão evidente como todos os párocos que por aqui passaram."

Foi o único Padre de que há registo, filho de Ribeira Quente.

1-12-1940

Padre José Jacinto da Costa

Nesta data tomou posse desta paróquia o Rev.º José Jacinto da Costa, natural de Vila Franca do Campo, que durante os três anos anteriores exerceu as funções de Vigário Cooperador do Padre Ernesto Jacinto Raposo na Matriz da Vila da Povoação.
Durante a sua estada nesta paróquia e por influência e a seu pedido, foi este Lugar enriquecido com alguns melhoramentos, conforme mais tarde vamos a ver.
Foi o Pároco mais influente até aos dias de hoje nesta freguesia. Graças a ele e ao Povo de então, este lugar foi elevado a FREGUESIA.

Ano de 1938 a 25-11-1940

Padre Cristovam de Melo Garcia

Dos Registos Paroquiais, poderemos extrair o seguinte:

"No principio deste ano tomou conta desta paróquia o Padre Cristovam de Melo Garcia, natural da Matriz da Ribeira Grande, que durante três anos esteve de Vigário Cooperador do Padre Ernesto Jacinto Raposo na Vila da Povoação.
Durante a sua permanência nesta paróquia foi montada a instalação eléctrica nesta Igreja no montante de três mil setenta e um escudos e cincoenta e cinco centavos (3.071$55).
Em três de Agosto de 1940 o Senhor Bispo Dom Guilherme Augusto da Cunha Guimarãis fez a visita pastoral a esta freguesia crismando cento e sessenta (160) pessoas de ambos os sexos, indo e vindo de automóvel até aos túneis e seguindo d’aqui ao princípio desta freguesia de burro, acompanhando-o o Ouvidor Eclesiástico Padre Ernesto Jacinto Raposo.
Em dezoito de Agosto de 1940, foram inaugurados os dois túneis – estrada executados pela Junta Geral do Districto autónomo de Ponta Delgada da presidência do Doutor Duarte Manuel de Andrade Albuquerque e sob a direcção técnica do engenheiro director Francisco Pachêco de Castro e seu agente técnico Floriano Victor Borges. Foi esta a primeira vez que chegaram automóveis á Ribeira Quente com os mais pitorescos comentários feitos por este povo simples e rude. E assim a Ribeira Quente ficou ligada a toda a ilha por esta estrada começada em Julho de 1901, pelo lançamento da primeira pedra pelo nosso saudoso Rei Dom Carlos, aquando da Sua visita aos Açores nesse ano."

Ano de 1931 a 1937

PADRE JOÃO DE MEDEIROS

Dos Registos Paroquiais, poderemos extrair os seguinte:

"Em Janeiro deste ano de 1931, toma conta desta paroquia o Padre João de Medeiros, natural da Vila da Povoação, que exercia as funções de Vigário Ecónomo numa freguesia da ilha das Flores.
Durante a estada deste Padre nesta paróquia, fizeram-se com o meio quinhão dos barcos, as obras seguintes: - alargamento da sacristia do lado nascente e uma loja por debaixo; bancada em toda a igreja e um cadeirado na capela-mor; guarnecimento em cimento e areia das empenas laterais da igreja e ainda a construção do altar do lado da Epistola, junto á escada do côro, que ficou sem imagens até Janeiro de 1949. Neste tempo em 1935, é montada a rede electrica nesta freguesia pelo engenheiro Manuel Pachêco e o Vieira das Furnas, com geradora electrica na Ribeira dos Tambores, tendo-se altamente empenhado junto da Câmara da Povoação o guarda fiscal Norberto Martins. Em Dezembro de 1937 este Padre foi para a América do Norte paroquiar. Em 31 de Março de 1935, o Senhor Bispo desta Diocese Dom Guilherme Augusto da Cunha Guimarãis, fêz a visita pastoral a esta freguesia, vindo num barco deste pôrto que o foi buscar á Vila da Povoação. Ao chegar a este pôrto, paramentou-se numa casa, vindo em procissão até á igreja onde crismou quatrocentas e doze (412) pessoas de ambos os sexos e pregou largamente á massa de fiéis que no templo do Senhor se comprazia em estar junto do seu venerando Pastor."

TRADIÇÕES EM IMAGENS

Ainda existem Casais na nossa Freguesia, que utilizam no seu dia a dia objectos & utensilios de outros tempos, facilmente reconhecidos por muitos de nós & que trazem muitas recordações. Aqui vão alguns exemplos destes objectos que fazem parte da nossa Cultura & Tradições, bem como alguns exemplos de Arte Sacra que sempre estiveram presentes ao longo do tempo em muitos dos nossos Lares, espero que gostem. Um Bem Haja A Todos...

Mário Rêgo

O LUGAR DO AGRIÃO

A Ribeira Quente é uma freguesia portuguesa do concelho da Povoação, com 9,88 km² de área, 798 habitantes (2001) e densidade de 80,8 hab/km².
A Ribeira Quente foi elevada à categoria de freguesia a 24 de Junho de 1943 pelo decreto-lei n.º 32867 da então Direcção Geral da Administração Política e Civil do Ministério do Interior.
Esta Freguesia tem o seu limite a nascente com a Ribeira do Agrião.
A Ribeira Quente no século XVI era uma continuidade de Ponta Garça, sendo usada por muitos vizinhos desta mesma freguesia e de gente rica de Vila Franca do Campo, que foram plantando vinhas e árvores de frutos que frutificavam abundantemente.


Formou-se assim um lugar frequentado de Verão pelos proprietários das referidas terras, incluindo as da Ribeira do Agrião, que para lá iam, na época das colheitas e vindimas e por outras pessoas atraídas pelo pitoresco do sitio e da beira-mar, e lá veraneavam. A Ribeira Quente era nesses anos iniciais do povoamento, antes de mais, e parece-nos importante frisar este ponto, lugar de veraneio das gentes abastadas de Vila Franca do Campo, Ponta Garça, Furnas e Povoação.

O Solar e a Capelinha do Senhor da Aflição – pelos populares conhecida pela Capelinha do Senhor dos Aflitos devem ter sido construídos entre os séculos XVI ou XVII. O magnifico Forte que ainda hoje lá se encontra fora construindo um pouco mais tarde e com pedra vinda por barcos de Vila Franca do Campo.
Esta propriedade era propriedade do Dr. Jacinto de Vasconcelos Franco e na actualidade de um dos seus herdeiros Sr. Luís Vasconcelos Franco.
Apesar de não encontrar-mos nenhum testemunho escrito e o deve haver em arquivos de família e nos registos dos livros de Visitas que se encontram no arquivo da Igreja Paroquial de Ribeira Quente, pensa-se que a sua construção situa-se como acima já referi entre os séculos XVI e XVII, quando a ilha e as localidades entre Faial da Terra e da Ribeira Quente eram assoladas pelos piratas, que ai desembarcavam, saqueavam, incendiavam e matavam os seus habitantes indefesos.

Trata-se dum oratório particular dos donos do lugar e da sua vizinhança, que muitas vezes e ainda hoje lá vão em romaria, pelos trilhos da Ribeira e da Lobeira, pagar as suas promessas, fazer as suas orações a pedir-lhe diversas graças em horas de aflição.
No interior da Capelinha existe um altar simples em pedra trabalhada à mão e com um crucifixo com o Cristo agonizante e em aflição que segundo diz uma lenda antiga pelo mar encalhou no calhau da Ribeira do Agrião. Existem também de grande valor histórico duas telas rectangulares com as figuras de São Pedro e São Paulo, bem como o relógio solar ao cimo da Capelinha.

No começo da década de setenta já existia uma casa de veraneio alcandorada no principio das rochas da falésia do atalho da Ponta do Garajau, pertencente à família Franco, velha proprietária de toda a vertente poente do lado da Ribeira do Agrião.

Na Paróquia de São Lourenço de Bustos (Continente Português) existe uma Capela com uma imagem do Senhor dos Aflitos do ano de 1818. Observando os crucifixos do Senhor dos Aflitos da Ribeira do Agrião e de São Lourenço de Bustos verificamos muitas semelhanças entre eles.