sexta-feira, 20 de maio de 2011

Passagem de Nossa Senhora de Fátima (Virgem Peregrina)




Ano de 1948



Dos Arquivos Paroquiais extraimos a seguinte noticia:

Em 23 de Junho, pelas dezoito horas e trinta minutos, a Imagem da Virgem de Fátima Peregrina, visita esta freguesia, sendo recebida com tal entusiásmo que raia pela loucura, atravessando os barcos todos de velas ao ar, baixando-as á maneira que a Senhora passava no seu carro triunfal. Toda a estrada, quasi dos túneis até á igreja, Espraiádo, com todas as colchas que há nas arcas, lençõis, verduras que parecia nunca mais acabar. Foi curado miraculosamente António Linhares de Deus Abarrota, sapateiro e comerciante que sofria á quasi três anos, de uma flebite numa perna, podendo já andar, ajoelhar-se o que não fazia há muito. Há ainda outras curas. A Imagem Peregrina veio de avião de Lisboa ao Campo de aviação das Lajes no dia treze de Junho, percorrendo esta ilha terceira e entrando em Ponta Delgada a vinte do citado mês e seguindo em viagem triunfal pelas restantes ilhas dos Açores, sempre alva das maiores manifestações que se tem visto, operando vários milagres de curas que a ciência julgava incuraveis. Aqui vai a referencia á Ribeira Quente que se encontra no livro “Nossa Senhora de Fátima Segunda jornada: Madeira, Açores, Africa Portuguesa”. Eis o comentário:
«Ribeira Quente… aqui o caso tornou-se sério!... os pescadores alinharam os barcos junto á terra e baixam as velas á passagem do cortejo. A hora avança e o Senhor Bispo entende que não pode consentir em mais demora. O quê?! Nossa Senhora não há-de ir á igreja que eles prepararam com tanto esmero?! Ah! Isso nunca!... E arrojam-se ao chão… seguram o carro e não deixam seguir. De nada valem os bons conselhos, as palavras já mais impacientes, a voz autoritária. Nada os demove!... Querem Nossa Senhora na sua igreja. E não houve remédio senão fazer-lhes vontade. Indisciplina? A Senhora de certo teria assistido sorridente do alto céu, com todos os seus anjos a esta luta na terra. Não seria uma prova de amor dos pescadores?...
As velas dos barcos lá continuaram curvadas em sinal de reverência. E os homens corriam com garrafas cheias de água salgada a tocar a milagrosa Imagem. Para que? Eles mesmos dão a resposta: quando um dia o mar se erguer em fúria, pronto a engolir num momento as suas frágeis barquinhas, a água que tocou a Senhora derramada sobre ele, acalmará as vagas alterosas»…

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