sexta-feira, 1 de julho de 2011

= Ano de 1952 =

Temporal:

Na noite de 27 para 28 de Fevereiro, passa sobre esta ilha um grande temporal do quadrante do sudoeste, que levou quasi todo o resto da muralha no lado da Ribeira, tendo o ciclone de 4 de Outubro de 1946 destruido um grande pedaço. Tambem foram destruidas duas casas das Grilas na Canada da Igreja Velha e mais uma loja de António Plácido e outra de António Abarrota, pertencentes respectivamente aos Inácios e á viúva do Sargento da Guarda Fiscal Brandão da Povoação. Os prejuizos causados por este temporal, nos Açores, são avultados, principalmente na ilha Terceira, avaliados em mais de mil contos, não contando os particulares como de barcos, redes, etc.

Terramoto:

Merece especial registo os abalos de terra que se sentiram nesta ilha, sendo com maior intensidade nesta zona: desde a Povoação até Vila Franca do Campo. Vamos pois, dar uma pálida ideia do que foram esses flagelos durante dias seguidos, que deixaram impressão dolorosa e bem vincada nos animos, causando tantas e tão mortais angustias.

Decorria o mês de Junho com suas calmarias e brisas refrescantes, quando a vinte e seis do dito mês de Junho, pelas onze horas e trinta minutos se sentiu um forte abalo de terra, danificando grande número de casas, correndo toda a população para a rua a pedir misericordia a Deus. Ainda não estavam bem sossegados os espiritos, quando pelas quatorze horas e trinta e cinco minutos (14,35h) se fez sentir o mais violento de todos os abalos sendo o epicentro a 22 e 38 quilometros para o lado nascente de Ponta Delgada. A angústia então subiu ao auge, fugindo espavorecida toda a gente para a beira-mar a fim de se afastarem das rochas que continuamente desabavam, parecendo em dada altura que a rocha do Pirão se desmoronava sobre a Igreja paroquial e lado do fogo em geral. Nesta conjunctura aflitiva para quem se voltariam os espiritos perturbados, se não para Aquele Senhor Arbitro dos Mundos e sua Mãi Santissima, a Virgem Socorro dos aflitos? Assim se passaram vários dias, dormindo e cozinhando ao ar livre, porque a terra tremia continuamente debaixo dos pés. A Santa Missa no domingo seguinte (29), foi celebrada ao ar livre, no Espraiado, por não ser aconselhável celebrar na Igreja em virtude dos contínuos abalos sísmicos e do estado de espirito da população.

Foram tomadas todas as providencias indicadas para estas ocasiões: - Sua Excia. o Governador Civil – Capitão Aniceto dos Santos, visitou todos os lugares sinistrados, mandando construir barracões de madeira para alojamento de vinte familias e vindo além disto panos de tenda (barracas de campanha) que foram armados junto á praia do Fogo e destacando-se um pelotão de soldados com seu oficial afim de socorrer a população em qualquer emergencia. De toda a parte chegaram auxilios de toda a espécie, devendo ficar registados neste livro os géneros alimentícios (pão, batata, milho, arroz, café, açucar etc, etc) generosamente oferecidos pelo Govêrno Militar – Brigadeiro Serrão dos Reis, Batalhão 18, dos povos das freguesias: Lomba da Maia, Pedreira do Nordeste, Vila Franca com seus respectivos Vigários: - Pes. Deodato Arlindo Cabral, Rogério de Medeiros Machado, António Jacinto de Medeiros e muitas outras pessoas a quem a Ribeira Quente rende as suas profundas e sinceras homenagens e agradecimentos.

A Igreja ficou muito danificada, especialmente a capela-mór e sacristia do lado nascente e algumas fendas nas paredes e torre – todas as igrejas deste concelho foram atingidas pelos abalos sismicos. O Govêrno da Nação informado destes prejuizos votou pelo Ministério do Interior a verba mil contos para os concelhos de Vila Franca e Povoação, começando logo em Setembro as reparações pela Ponta Garça, conforme um cadastro organizado pelo Instituto de Assistencia á familia, sendo a parte técnica entregue ao engenheiro da Junta Geral Clemente Soares de Medeiros. Do concelho de Vila Franca, passaram as reparações a ser feitas nas Lombas da Povoação por alturas de Novembro e só nos fins de Março de 1953 começaram as ditas na Ribeira Quente com brigadas de pedreiros de Rabo de Peixe, Arrifes, Povoação e alguns desta freguesia.

Todos os edifícios públicos sinistrados incluindo as Igrejas, foram reparados pela pasta das Obras Públicas, votando o respectivo Ministério uma verba de cento e oitenta contos (180.000$00), isto é, 50% do valor da estimativa. Os prejuizos da Igreja de S. Paulo da Ribeira Quente foram avaliados em oitenta contos, comparticipando portanto o Estado com 50% (40 contos). As obras desta Igreja começaram em 25 de Novembro e terminaram a 4 de Março de 1953, gastando-se ao todo cêrca de vinte e três contos (23.000$00). Meteram-se esticadores á vista e outro na torre e muitos mais dentro das paredes, principalmente na sacristia. Foi retelhada, caiada e feita de novo uma grande parte da varanda do adro que veio abaixo. Bem haja o Govêrno da Nação por mais esta manifestação de generosidade para com as casas de Deus. Tambem neste livro deve ficar consignado o seguinte: - Logo após o terramoto, o simpático jornal “Açores” dirigido pelo nosso amigo Cicero de Medeiros, abriu nas colunas do seu jornal uma subscrição que ao cabo de alguns meses atingiu a bonita soma de noventa e tantos contos, sendo reparadas trinta e três casas na Povoação com quarenta e tantos contos e igual numero de casas na Ponta Garça foram tambem reparadas com igual verba e na Ribeira Quente foram gastos seis contos. Com este mesmo fim a desportiva associação Club Naval de Ponta Delgada a instâncias do seu Director de então, Dr. Silveira da Rosa abriu outra subscrição nas colunas do conceituado, “Diário dos Açores” destinada aos pescadores da Ribeira Quente. A subscrição atingiu a soma de cinquenta contos e alguns escudos até Abril de 1953, sendo reparadas trinta e duas (32) casas por mestres das Furnas, orientados pelo Doutor Frederico Moniz Pereira, facultativo municipal desta freguesia – neste numero foram construidas três casas novas. Bem haja a todos.

Morte da Rainha Senhora D. Amélia



Do Livro do Tombo poderemos extrair o seguinte:

ANO DE 1951

Em 25 de Outubro morre em Paris, na França, a última Rainha de Portugal D. Amélia de Orleans e Bragança, que visitou com seu marido, o Rei D. Carlos, os Açores em Julho de 1901. Atendendo á vontade espressa desta soberana, determinou o Govêrno Português que seus restos mortais, viessem repousar no Pantheon de S. Vicente de Fóra em Lisboa, junto de seu marido e filhos D. Carlos, D. Manuel II e o Infante D. Luis Filipe. Houve funerais nacionais. Nesta freguesia houve missa por alma da Rainha D. Amélia, tendo os sinos dobrado de manhã, ao meio dia e á noite.


= Ano de 1947 = Jardim da Igreja

A Igreja por sua parte mandou construir um jardim no terreno que lhe pertence, na sua trazeira, com rampas floridas e com um tanque com um repuxo ao meio e murado em toda a volta com arame farpado e com dois portões á frente.

Também foram pintados os vidros da igreja com o subsídio de quinhetos (500$00) escudos que a Junta de Freguesia ofereceu para este fim. O ferro da armação foi pintado nesta ocasião.

= Ano de 1946 = Cinema Ambulante



Cinema ambulante:

No passado dia 18 de Fevereiro esteve nesta freguesia uma camionete com uma máquina de projecção de filmes e toda a aparelhagem complementar mandada da Presidência do Conselho da República, percorrendo todas as freguesias da ilha e as demais ilhas. Foram exibidos os filmes “Viagem Presidencial de Carmona aos Açores em Julho de 1941” e o “Alla-arriba” (vida dos pescadores da Póvoa de Varzim). O Pároco dirigiu a palavra ao povo pelo microfone, agradecendo ao Govêrno da Nação a sua amabilidade para tantos que só agora pela primeira vez viram cinema.


Auto da erecção da Via Sacra na egreja parochial de São Paulo da Ribeira Quente

Conforme o Original (Livro do Tombo)

Aos vinte e quatro dias do mez de setembro do anno de mil novecentos e dezesete Sua Excelencia Reverendissima o Senhor Bispo d’esta Diocese d’Angra, Dom Manuel Damasceno da Costa fez a erecção Canonica da Via Sacra n’esta egreja parochial do Apostolo São Paulo da Ribeira Quente, do Concelho da Povoação segundo as regras prescriptas pela Sagrada Congregação das Indulgencias no dia dez de maio do anno de mil setecentos quarenta e dois, com a assitencia de alguns eclesiasticos e de muitos fieis. Assinarão in fidem este auto Sua Excelencia Reverendissima e todas as pessoas que o possam fazer.

Egreja parochial do Apostolo São Paulo, da Ribeira Quente, aos 24 de setembro de 1917.

+ Manuel, Bispo d’Angra

Conego José Moniz Betencourt

P. José Lucindo da Graça Sousa

P. Angelo d’Amaral

Pe. José de Paiva d’Amaral

Pe. José Cabral Lindo

P. Antonio Furtado de Andrade

Bruno Botelho

Pe. Guilherme da Silva Cabral

Christiano Furtado Couto

Pe. José Furtado do Couto

Antonio José Raposo

Pe. Manuel José Teixeira

Pe. Dionisio Moniz d’Almeida

Pe. Ernesto Jacinto Raposo

sexta-feira, 20 de maio de 2011

PRIMEIRA PROCISSÃO EM HONRA DE SÃO PAULO



Dos Arquivos Paroquiais poderemos extrair a seguinte informação:

23 de Setembro do Ano de 1917

"Ás onze horas começou a festa em honra de S. Paulo que constou de missa cantada pelo Pe. Dionizio M. d’Almeida, coadjutor da Povoação e escrivão da Ouvidoria, acolitado pelos Rev. Andrade e Frederico, fazendo parte da capella alem dos mencionados o Rev. Bulhões de Villa Franca e em quem mais uma vez pregou o Rev. Vigario do Pico da Pedra um substancioso sermão. A esta festa não assistiu S. Excia. por se achar fadigado por tanto trabalho. De tarde em muito boa ordem saiu a procissão em que foram conduzidos os andores de S. Nicolau de Tolentino, San Paulo, Nossa Senhora da Graça e Menino Jesus; levando o Santo Lenho sob o palio o Rev. Teixeira acolitado pelos Revs. Andrade e Frederico, seguindo atraz do palio S. Excia. Rev.sima ladeado pelos Conego Bettencourt e Ouvidor da Povoação."

Passagem de Nossa Senhora de Fátima (Virgem Peregrina)




Ano de 1948



Dos Arquivos Paroquiais extraimos a seguinte noticia:

Em 23 de Junho, pelas dezoito horas e trinta minutos, a Imagem da Virgem de Fátima Peregrina, visita esta freguesia, sendo recebida com tal entusiásmo que raia pela loucura, atravessando os barcos todos de velas ao ar, baixando-as á maneira que a Senhora passava no seu carro triunfal. Toda a estrada, quasi dos túneis até á igreja, Espraiádo, com todas as colchas que há nas arcas, lençõis, verduras que parecia nunca mais acabar. Foi curado miraculosamente António Linhares de Deus Abarrota, sapateiro e comerciante que sofria á quasi três anos, de uma flebite numa perna, podendo já andar, ajoelhar-se o que não fazia há muito. Há ainda outras curas. A Imagem Peregrina veio de avião de Lisboa ao Campo de aviação das Lajes no dia treze de Junho, percorrendo esta ilha terceira e entrando em Ponta Delgada a vinte do citado mês e seguindo em viagem triunfal pelas restantes ilhas dos Açores, sempre alva das maiores manifestações que se tem visto, operando vários milagres de curas que a ciência julgava incuraveis. Aqui vai a referencia á Ribeira Quente que se encontra no livro “Nossa Senhora de Fátima Segunda jornada: Madeira, Açores, Africa Portuguesa”. Eis o comentário:
«Ribeira Quente… aqui o caso tornou-se sério!... os pescadores alinharam os barcos junto á terra e baixam as velas á passagem do cortejo. A hora avança e o Senhor Bispo entende que não pode consentir em mais demora. O quê?! Nossa Senhora não há-de ir á igreja que eles prepararam com tanto esmero?! Ah! Isso nunca!... E arrojam-se ao chão… seguram o carro e não deixam seguir. De nada valem os bons conselhos, as palavras já mais impacientes, a voz autoritária. Nada os demove!... Querem Nossa Senhora na sua igreja. E não houve remédio senão fazer-lhes vontade. Indisciplina? A Senhora de certo teria assistido sorridente do alto céu, com todos os seus anjos a esta luta na terra. Não seria uma prova de amor dos pescadores?...
As velas dos barcos lá continuaram curvadas em sinal de reverência. E os homens corriam com garrafas cheias de água salgada a tocar a milagrosa Imagem. Para que? Eles mesmos dão a resposta: quando um dia o mar se erguer em fúria, pronto a engolir num momento as suas frágeis barquinhas, a água que tocou a Senhora derramada sobre ele, acalmará as vagas alterosas»…

ANO DE 1976



Ano de 1976 – Novo Cemitério

ANO E 1916



PADRE ANGELO DE AMARAL





Dos Arquivos Paroquiais pode-se extrair o seguinte:

"Em 29 de Junho de 1916, toma posse desta paróquia o Padre Angelo de Amaral, natural da Lomba do Alcaide da Povoação, que dá maior incremento ás obras da igreja até que em vinte e dois de setembro de 1917, no meio do maior regosijo, o Senhor Bispo de então Dom Manuel Damasceno da Costa, procede á benção da nova igreja."

ANO DE 1959






PADRE SILVINO DE AMARAL






Dos Registos Paroquiais podemos extrair o seguinte:

"Na vida desta Paróquia de São Paulo da Ribeira Quente, ouvidoria de Povoação da Diocese de Angra é digna de menção a nomeação do Reverendo Padre Antero Jacinto de Melo, natural desta freguesia onde paroquiou durante quatro anos, para assistente dos emigrantes católicos portugueses do Canadá. Para o substituir foi nomeado pároco o Rev. Pe. Silvino de Amaral, natural da Povoação. Foi ordenado presbitero em Angra no dia quinze de Junho de mil novecentos e cinquenta e oito e celebrou sua missa nova na Povoação em vinte e nove de Junho de mil novecentos e cinquenta e oito. Frequentou o Post-Seminário durante o ano lectivo de 1958 – 1959 e em Julho de mil novecentos e cinquenta e nove recebeu de D. Manuel Afonso de Carvalho nomeação para paroquiar na Ribeira Quente. No dia um de Agosto de mil novecentos e cinquenta e nove tomou posse da paróquia que lhe foi confiada e no primeiro domingo que nela celebrou foi apresentado ao povo pelo Rev. Pe. Antero que então já se encontrava em fériaS, aguardando a sua partida para Nelson do Canadá.




Ribeira Quente e Arquivo Paroquial, aos 14 de Agosto de 1959"