quinta-feira, 4 de setembro de 2008

RIBEIRA QUENTE, SUA ORIGEM E DESTINO


Como atrás já foi afirmado, e há que repeti-lo: Criado pela força da Natureza no período da formação desta ilha, e talvez modificado por outras razões antes destas ilhas serem conhecidas, o litoral da Ribeira Quente e suas encostas altaneiras, quando formado povoado não o foi por quaisquer pescadores.
A sua história - esta história que está a ser contada - tem fundamentalmente outra origem.
Segundo Gaspar Fructuoso no seu tempo e antes dele, aquele primitivo e mirífico lugar de encostas irregulares que se veio a chamar de Ribeira Quente, já não era virgem. Era sim um lugar onde nasceram algumas fajãs e existia uma longa praia que era utilizada pelos principais da terra, incluindo sacerdotes e outros religiosos, assim como nobres estrangeiros.
Esta classe de veraneantes e utentes da praia e das deliciosas águas térmicas - as da ribeira, as do fundo do mar e as da pequena casacata que nasce sobre a praia na zona da denominada "Rocha Secreta" - era, sem dúvida, uma classe social não miscível com gente de rude trabalho.
Porém, pôs um não longo interregno nos usos e costumes dessa classe privilegiada ou seus descendentes, porque podemos cerificar por dados já citados, que as fajãs tornaram a nascer em melhor qualidade e quantidade e, os veraneantes por isso voltaram.
Historicamente falando, a comunidade piscatória desta localidade só aparece superficialmente nos dados colhidos, passados que eram 160 anos.
Isto é: o predestinado lugar onde existia uma ribeira de águas mornas e praia amena, voltou a ser aquilo que já era anteriormente.
Porque Deus e a Natureza assim o destinaram, pela terceira vez volta a Ribeira Quente a entrar numa nova fase desse destino.
Os habituais veraneantes das Furnas continuavam a procurar, no estio, a amena Praia do Fogo, ao mesmo tempo que outros também o faziam.
A propalação da riqueza das suas areias então limpas e temperadas devido à fenomenal vida vulcânica que só se sente sob os pés dos banhistas quando estes metidos no mar, (na zona nascente do fundo mar), veio a contribuir para que, pela terceira vez na sua história, a Ribeira Quente entrasse no porquê da razão da sua existência como lugar sossegado e ameno, mais vocacionada para o turismo sazão do que para terra de homens do mar.
No começo da década de setenta do passado século já existia uma casa de veraneio alcandorada no princípio das rochas da falésia do atalho da Ponta do Garajau, pertencente à família Franco, velha proprietária de toda a vertente poente do lado da Ribeira do Agrião.
Por volta de 1972, uma família Viveiros de Ponta Delgada, compra na 1.ª Canada José Cruz uma das casas abandonadas por uma família emigrante e, logo depois, um familiar desta compra uma segunda mais acima, na parte poente da igreja. Ainda hoje esta propriedade é identificada com a "CASA DA SENHORA DE LISBOA".
Também aqui na Ribeira Quente, o fenómeno da aquisição de casas deixadas por quem, já há muito, as tinha abandonado por necessidades de sobrevivência, foi acontecendo muito lentamente.
Mas foi a década de oitenta do século XX, mais verdadeiramente a sua segunda metade, que veio revolucionar a vida de veraneio neste povoado.
As modestíssimas habitações passaram a ser procuradas e compradas por preços até exorbitantes; algumas eram adquiridas só pelo espaço que ocupavam, e onde eram erectas outras habitações apropriadas para fins de veraneio. Devido à falta de espaço para o estacionamento dos carros dos novos proprietários e banhistas, então já considerados muitos para tão pequeno espaço, o município da Povoação, com dinheiros comunitários, fez alguns parques de estacionamento sobre a Ponta da Golfeira, que só é conhecida como Ponta do Fogo, enriquecendo toda aquela zona balneária.
Este então grande empreendimento, ao tempo assim considerado, teve início depois do primeiro curso de artífices, designado por F.S.T.S.R.T., que havia começado nas Furnas a 3 de Janeiro de 1987, cujo um dos seus monitores, o de pedreiros, passou simultaneamente a desempenhar essa missão de ensino, ao mesmo tempo que ia construindo a actual muralha da Praia do Fogo, a escada de acesso à praia e os seus balneários mistos, ao cimo, isto já em 1988.
Foram Fundos Comunitários que deram origem a este então grande empreendimento, porque 85% do seu custo foi de origem comunitária. (O Municipio da Povoação custeou, por norma, os outros 15 %).

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